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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Tecnologia e tecnologia assistiva


“Para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis.
Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis”
(RADABAUGH, 1993)

 
A tecnologia faz parte da vida do homem desde sempre. A criação de instrumentos de caça, pesca, proteção,  nas sociedades primitivas envolvia técnicas cada vez mais elaboradas pelo homem a fim de utilizar os recursos naturais, de garantir a sobrevivência ou mesmo de aprimorar as suas ações no dia a dia. Exemplos claros desse processo vão desde a arte rupestre, moldagem das pedras, e as ferramentas mais antigas, resultados da pedra lascada e a invenção da roda, são exemplos claros da transformação de materiais brutos e "crus" em produtos úteis.
 
Um dos grandes feitos da época que impulsionou o desenvolvimento de técnicas mais aprimoradas e abriu caminho para um grande crescimento social e econômico foi a descoberta e o uso do fogo. Tal descoberta possibilitou desde um melhor aproveitamento de alimentos até a modificação de recursos naturais como os metais, a madeira, a transformação da lenha e do carvão em combustível e a criação de uma infinidade de produtos a partir da fundição de rochas e metais. Pensando em todas estas questões e no esforço humano para desenvolver e aprimorar técnicas ao longo dos tempos fica claro que a tecnologia (utilizada nessas e em todas as invenções) é uma atividade que forma e modifica a vida e a cultura em geral.      

 Embora a tecnologia seja antiga e, nesse contexto histórico, já se perceba o emprego de técnicas para melhorar a vida em geral (todos os seres vivos), exemplo disso é a transformação de um pedaço de madeira  em uma muleta para auxiliar a movimentação de idosos ou de pessoas com dificuldade de locomoção, o termo tecnologia assistiva é novo e ainda encontra-se em fase de definição/compreensão. Para Manzini (2005),

 
Os recursos de tecnologia assistiva estão muito próximos do nosso dia-a-dia. Ora eles nos causam impacto devido à tecnologia que apresentam, ora passam quase despercebidos. Para exemplificar, podemos chamar de tecnologia assistiva uma bengala, utilizada por nossos avós para proporcionar conforto e segurança no momento de caminhar, bem como um aparelho de amplificação utilizado por uma pessoa com surdez moderada ou mesmo veículo adaptado para uma pessoa com deficiência. (MANZINI, 2005, p. 82)

 O termo “tecnologia assistiva” surgiu  em 1988, num contexto de leis que regulam os direitos dos cidadãos com necessidades especiais, inicialmente nos EUA, onde tais pessoas passaram a ter direitos a serviços especializados, incluindo-se no contexto social geral, acompanhando posteriormente no Brasil o movimento do discurso da inserção das tecnologias na educação e da inclusão social.
 
A relação entre as tecnologias assistivas (TA) e a educação ainda é bem incipiente. Além das carências estruturais (falta de recursos, de produtos adaptados, de espaços físicos, de adequação desses espaços,...), falta investimento em formação e preparo dos atores que lidarão diretamente com os portadores de necessidades especiais que farão uso das TA. As políticas públicas de inclusão são meramente ditadoras, impositivas (embora não haja fiscalização ou acompanhamento da implementação dessas políticas), sem apontar os meios de incluir tanto os educadores quanto os portadores de necessidades especiais.
 A rede de atendimento e apoio às escolas é muito escassa, os CAPS (Centros de Apoio Psicossocial), deficitários em termos de recursos humanos e tecnológicos, não dão conta de atender às demandas e os cursos de formação não contemplam a diversidade de especificidades apresentadas pela sociedade.

 Ainda no que tange ao uso da TA na educação, finalizo essas considerações com o que diz Bersh e que acredito ser fundamental a qualquer processo educativo, independente de necessidades ou potencialidades. Para Bersh, a aplicação da Tecnologia Assistiva na educação vai além de simplesmente auxiliar o aluno a ‘fazer’ tarefas pretendidas. Nela, encontramos meios de o aluno ‘ser’ e atuar de forma construtiva no seu processo de desenvolvimento” (BERSCH, 2006, p. 92)

 

Referências:

BERSCH, R. Tecnologia assistiva e educação inclusiva. In: Ensaios Pedagógicos, Brasília: SEESP/MEC, p. 89-94, 2006.

MANZINI, E. J. Tecnologia assistiva para educação: recursos pedagógicos adaptados. In: Ensaios pedagógicos: construindo escolas inclusivas. Brasília: SEESP/MEC, p. 82-86, 2005.

 

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