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terça-feira, 3 de abril de 2012

Sobre a cultura das mídias...

A leitura do texto de Santaella (e depois lendo mais alguns ainda que não aprofundadamente, por enquanto) trouxe-me inicialmente a sensação de que ela se preocupou em “atender” algumas das nossas (minhas especialmente) necessidades de compreender conceitos e expressões ditas básicas nessa sociedade contemporânea ou da informação. Como ela mesma afirma, as reflexões do texto, fundamentadas no seu livro “Culturas e Artes do Pós-Humano: da cultura das mídias à cibercultura”, publicado em 2003, são tentativas de, enquanto pesquisadora, gerar conceitos e ajudar a compreender as complexidades desta realidade em constante mutação.

As discussões travadas nas aulas de Bonilla sobre cibercultura, cultura digital ou cultura das mídias vão ganhando corpo à medida que as leituras se aprofundam. Em Santaella, percebe-se algumas explicitações (ou apenas citações) conceituais a exemplo da definição de cultura das mídias que aparece como cultura intermediária entre cultura de massas (mass media) e cultura virtual ou cibercultura - note-se que cultura virtual e cibercultura tem, aqui, a mesma definição. Para ela, “a cultura virtual não brotou diretamente da cultura de massas, mas foi sendo semeada por processos de produção, distribuição e consumo comunicacionais a que chamo de “cultura das mídias”.

A polissemia e hibridismo da linguagem exercem um papel fundamental no processo de passagem da cultura das mídias à cibercultura. A linguagem é um elemento fundamental no processo de apropriação dos signos e de mediação entre os sujeitos. Vygotsky, muito antes dessas discussões “ciber” abordava a importância de compreender a linguagem tendo em vista que além de exercer funções de comunicação, ela é essencial no processo de transição do interpessoal em intramental; na formação do pensamento e da consciência; na organização e planejamento da ação; na regulação do comportamento e, em todas as demais funções psíquicas superiores do sujeito. Essas diversificações refletem-se nas multiplicidades de mídias que criamos, conhecemos e conheceremos.

Há ainda no texto, outros conceitos e abordagens interessantes como o paradigma informacional - compreendido de forma mais global, em que a informação está posta como instrumento de poder e moeda corrente / de troca; a sblevação cultural, a tecnologia do microchip, a cultura do pós-humano, nanotecnologia, a vida ciborg, tecnologia X mercado e mais alguns que são apenas a ponta desse iceberg digital tecnológico, mas que ficarão para uma outra oportunidade, uma outra postagem.

Deixo, antes de me ir, uma provocação, a partir de reflexões sobre as influências das mídias na cultura e, portanto, na sociedade. Afinal, o homem é produto da mídia ou a mídia é produto do homem?