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quinta-feira, 22 de março de 2012

Os dilemas da pós-modernidade


Esses dias tenho me deparado (eu e o Bauman) com a questão da modernidade ou da pós-modernidade. Enquanto o lia e o assistia (vídeo “As fronteiras do pensamento”), refletia sobre algumas questões relacionadas ao mundo, à vida e à condição social do homem. E, nessas reflexões, percebi elementos paradoxais nas falas dele e nas minhas concepções. No vídeo Bauman, numa linguagem fluida, discorre sobre diversos aspectos da vida na sociedade moderna e pós-moderna: inicialmente ele fala da passagem de uma sociedade de produção (economicamente falando) para uma sociedade de consumo e, paralelamente a isso, penso na ambivalência da sociedade do século XXI, a da comunicação e informação, onde se busca mais a produção (de saberes e conhecimentos) do que o consumo.Outro aspecto abordado é a fragmentação da sociedade. Na modernidade os indivíduos eram levados a, citando Sartre, ter um projeto de vida, o que não acontece hoje onde a vida humana é individualizada e dividida em episódios. Na fluidez da pós-modernidade, ter um projeto de vida para a vida toda é um paradoxo, considerando que a vida muda muito e sempre e não se pode definir qual mudança será mais duradoura ou mais impactante. A multiplicação de seres humanos e o estabelecimento das múltiplas conexões, das relações e a interdependência entre os seres, graças ao fenômeno da globalização e outros movimentos de expansão das tecnologias de informação e comunicação, a exemplo da internet, conectou o mundo criando a aldeia global ou o mundo único, conforme aponta Bauman.O domínio do homem sobre o mundo, a exploração dos recursos em geral, a expansão das relações, a recriação das “Ágoras”modernas (como as redes sociais, por exemplo), tem acirrado os dilemas ambientais – levando aos limites da suportabilidade , vem abalando o futuro da democracia – possibilitando talvez a criação da democracia global e modificando/dinamizando as relações entre os seres humanos de modo geral.A crise da democracia, apontada como um dos dilemas do mundo pós-moderno, e a possibilidade do surgimento de uma democracia global, me fez refletir se, de fato ela já não existe. Então questiono se desde a política neoliberalista do estado mínimo até a criação dos blocos econômicos, das organizações tipo ONU, OEA, ALCA, OTAN, etc já não seria o estabelecimento de uma democracia geral, onde uns discutem e decidem regras, padrões, metas para um grupo que transcende o estado político? Já não estaria configurada, de certa forma, a crise entre o poder e a política?Bauman encerra suas reflexões, romanticamente falando das redes e dos laços humanos; critica a fragilidade das relações estabelecidas nas redes sociais (online) e paradoxalmente, fala da “solidez” e prisão das relações olho-no-olho (offlines) que requer maior compromisso e envolvimento, já que não basta desconectar; entretanto aprisiona “até que a morte os separe”. A vida pós- moderna, embora haja controvérsias, conectou os seres nos diversos cantos do mundo, difundiu informações, culturas. Entretanto, criou solitários em meio a uma multidão de solitários e comprometeu dois valores essenciais: a liberdade e a segurança. Ou se tem liberdade em troca da segurança ou então é preciso abrir mão da segurança para ter a liberdade. Os dois, na civilização pós-moderna, não se somam, é sempre uma troca, numa relação de perdas e ganhos.Penso que, diante de fenômenos irreversíveis da atualidade, o bom é acreditar que na busca pela felicidade, pelo bem estar ou por qual nome se dê à sua “mina de ouro”, existem elementos que são importantes e que estão presentes na modernidade ou pós-modernidade, onde quer que você se situe: cada vez mais aparecem novas possibilidades, oportunidades, artefatos, recursos, opções,.. que se bem escolhidos podem sim contribuir para a criação da minha e da sua forma de viver e de ser feliz!

2 comentários:

Handherson Damasceno disse...

Léa, minha querida! Gostei bastante de seu texto! Um abraço!

Handherson Damasceno disse...

Léa, minha querida! Gostei bastante de seu texto! Um abraço!